Profissão Arquiteto 2ª parte

Pergunta : CLIQUE AQUI e veja a 1ª parte da conversa com o Anderson de Souza.
Olá novamente. Bem, eu decidi fazer arquitetura, pensei e repensei.Na verdade eu tenho muito medo do mercado de trabalho, de me decepcionar com o curso, mas cada vez que eu pensava em outro curso alguém chegava e me dizia que eu tinha cara de arquiteto, por que sempre ficava em duvida por outro curso, e eu sentia uma dor no peito por estar desistindo do que eu queria, e não é assim que se consegue chegar onde se quer, desistir não é uma conquista. Mesmo com meu medo, vou estudar, e correr atrás do meu sonho que é ser arquiteto.Eu queria muito sua ajuda, queria saber como é sua rotina de arquiteta, como foi quando você estava cursando a universidade, se foi difícil conseguir um lugar no mercado de trabalho, outra curiosidade é você é dona do seu próprio negocio? Você fez vestibular na federal ou particular? Tantas perguntas em? Espero não estar sendo um chato.Meu medo é porque eu quero fazer a federal e aqui em Natal é bem concorrido, mas é isso mesmo, tudo é difícil. Temos que correr atrás pra conseguir.Obrigado pelo carinho e atenção que você tem comigo.Abraços!


Resposta: Olá para todos e em especial para o  Anderson Souza.
Anderson, primeiramente, você disse no último contato que não conseguiu visualizar meu nome, então lá vai minha apresentação: Sílvia Terbeck Gatti (foto acima), portoalegrense, arquiteta, estudei na Unisinos (o campus fica na cidade de São Leopoldo, uns 30 km aproximadamente de Porto Alegre, veja na imagem abaixo).
Meu sonho era fazer faculdade de Odontologia (adorava a área da saúde, fiz curso profissionalizante de análises clínicas durante o ensino médio, e estágio em hospital oferecido pelos professores para os 02 melhores alunos do curso). Mesmo assim não passei no vestibular da UFRGS. Aí meu pai, que se formou em Engenharia Operacional na Unisinos, insistiu para que eu fizesse vestibular por lá também. Disse ele:  escolhe um curso que te agrada, só para sentir o clima de ser universitária, daí no próximo ano tu tentas Odonto novamente...E assim foi, eu aceitei o conselho, fiz vestibular para arquitetura (segunda opção: engenharia civil), porque meu colega/amigo/etc e tal  fazia muitos comentários sobre a profissão e fiquei curiosa, e porque meu pai dizia que eu tinha jeito, gostava demais de decoração e vivia inventando alguma coisa nova para deixar nossa casa mais bonita e aconchegante (meus pais entravam em todas as minhas invenções, decoração do início da década de 80 e etc.).
Ai, começou o semestre, encontrei o Paulo (aquele colega/amigo que citei acima), eu me apaixonei pela cadeira de história da arte, aprendi Matemática com uma professora fantástica, adorei os trabalhos de Plástica (onde se explorava formas em 3D + composições de cores + pesquisas + estilizações de diversos objetos),... enfim um mundo novo, cativante, instigante foi se abrindo para mim, e isso foi só o começo, depois vieram os projetos arquitetônicos,  trabalhos de campo nas cadeiras de urbanismo, os projetos de paisagismo, estruturas de concreto, ferro, madeira, projetos hidráulico e elétrico.
Durante o curso fiz estágios obrigatórios em 02 escritórios de arquitetas aqui de POA, ali aprendemos (Paulo e eu), muito sobre construção e detalhes de acabamento já que o enfoque e a finalização dos estágios era um trabalho extenso sobre as  etapas das obras que acompanhamos.
Esse tempo de faculdade foi um dos mais felizes da minha vida, muitos trabalhos, muitas noites sem dormir (cansaço = a trabalho entregue e dever cumprido com orgulho), muitos amigos de várias cidades do RS, trabalhos em equipe que terminavam em festa  e.... muitas conquistas intelectuais e pessoais.
Após a formatura, nós (Paulo e Eu), começamos a trabalhar como autônomos, num pequeno escritório  no Bairro Moinhos de Vento em POA, onde realizamos alguns projetos/obras para pessoas de nossas relações.
A mudança profissional  ocorreu quando nosso escritório cresceu fisica e materialmente e construímos vários edifícios, com o chamado processo "à preço de custo" onde grupos de pessoas bancavam com recursos próprios a construção .
Essa etapa profissional durou pouco (aproximadamente 10 anos), pois como deves saber houve uma grande ruptura na economia de nosso país resultando no confisco da poupança das pessoas e o impeachment de nosso então presidente da República. A partir daí as pequenas e médias empresas cederam lugar as grandes construtoras como segue atualmente.
Atualmente (já faz 10 anos, compramos uma casa ), estamos estabelecidos num home office, trabalhando com projetos arquitetônicos para construtoras e pessoas físicas, responsabilização e fiscalização técnica de obras, arquitetura de interiores, regularizações, estudos de viabilidade urbanística e consultoria imobiliária. Para os demais projetos complementares contamos com outros profissionais (arquitetos e engenheiros autônomos), formando assim uma equipe quando necessário.


Acima imagens de alguns trabalhos atuais e abaixo nosso home office.
A rotina é livre de horários mas cansativa porque atendemos esses serviços e aos clientes em diversos locais. Quanto aos honorários posso te dizer que existe uma diversidade de ofertas no mercado, algumas bem ridículas. O critério para a escolha do profissional é feito pelo cliente, que é leigo, e que muitas vezes nem  percebe a diferença entre a experiência e qualificação dos profissionais que ele contata. Quando temos já uma quantidade razoável de clientes esse perfil muda porque a indicação é fundamental na nossa profissão.
Meu conselho mais importante para quem vai trabalhar como autônomo: tenha um bom contato com o sindicato dos arquitetos, com os assessores jurídicos, uma equipe profissional de confiança, faça cursos de atualização e só faça arquitetura com contrato assinado porque aqui na minha terra ainda tem colega que se engana trabalhando com contrato de risco (aquele que se der tudo certo para o cliente, o  arquiteto recebe seus honorários, senão bye bye).

CONVITE:
Arquitetos e estudantes de Arquitetura, leitores deste blog , por favor dêem uma força e me ajudem a sanar as duvidas do Anderson. Afinal cada um tem uma história, inspirem-se!

Abaixo, histórias de vida. Anderson, inspire-se e sucesso.

Sergio Caçador do blog  THE IMAGINEER CLIQUE AQUI, disse...
Oi Silviaa!
Em primeiro lugar, perdoe-me pelo sumiço.  A Faculdade tem estado apertada, por isso andei ausente.
Bom, como podemos ajudar o Anderson? Primeiro ele tem que saber se está disposto. Tudo na vida tem 50% de chance de dar certo e 50% de dar errado. Nos resta tentar.
Antes de tentar arquitetura eu fiz vestiubular para Jornalismo, Cinema, História e até mesmo Cenografia. Passei pra Cenografia, mas perdi o THE (teste de habilidades específicas, basicamente desenho.)Muito chateado, fui cursar Turismo. Sempre amei viajar e achei que a profissao se resumiria a isso.Também tenho um paixão absurda pela Disney, e me vi feliz organizando viagens pra lá varias vezes ao ano até o fim da vida.Não deu certo.Turismo exigia muita doação e não gostei do mercado
Resolvi então que eu ia fazer arquitetura. Sempre tive isso claro na minha cabeça, só que da sétima série em diante desisti pois tive um briga feia com a matemática que resultou numa recuperação.
Mas vi que eu teria que enfrentá-la. E até agora deu super certo. Depois de uma reprovação no primeiro periodo da faculdade, nós fomos obrigados a conviver um com o outro e hoje trabalhamos juntos pra passar cada matéria de exatas.
Eu vou pra faculdade com prazer. Eu estudo com vontade. Eu "bebo" algumas aulas como um gole de coca cola gelada. Por exemplo, história da arte que eu amo.
Vou assim, estagiando, aprendendo, tentando me manter a frente, lendo blogs, me atualizando, aprendendo muito. Montando o que chamo de livro de receitas (referencias arquitetonicas) Sigo com o MEU blog, onde guardo minhas receitas e troco idéias com pessoas maravilhosas como a Silvia.
Tenho até hoje medos como o do Anderson. E quando acabar a faculdade? como vai ser?
Bom, repito que vai ter 50% de chance de eu ser um grande arquiteto e 50% de não ser. E outra coisa, eu confio muito em Deus e sei que ele vai me guiar pelo caminho certo.
Boa sorte ao Anderson, e a vc Silvia, meus parabéns pela sua história, e pela sua vitória.
Beijos.
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